sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Dexter da fome de boi

Hoje eu pedi um pastel no shopping. Na metade dele, mal pude conter a minha alegria quando vi que ele estava completamente embolorado. Aquele fungo “teia de aranha” com pontinhos pretos tomava conta do pastel por inteiro. Continuei comendo, até restar um pedaço que ainda apresentava apenas o mofo suficiente para eu mostrar e poder reivindicar outro pastel.


Então, voltei ao balcão e mostrei o pastel fazendo cara de muito nojo, preocupação e constrangimento, como uma pessoa normal faria. Me pediram desculpas 5x e me deram outro pastel.

Eu sou o Dexter da fome de boi. Fome de boi porque é o significado de “bulimia” em grego, nome este que tem tudo a ver, porque o boi é ruminante. E Dexter por causa daquele seriado em que ele é um psicopata que compreende racionalmente as emoções humanas e simplesmente as imita para poder se misturar.

Eu sempre faço cara de frescura quando, por exemplo, encontro um cravo na minha moranga. Minuciosamente, tiro ele com a pontinha do garfo, e essa delicadeza camufla o monstro interior que mastigaria moranga crua até a morte. Ainda completo com um “Ui, é amargo”. Pura imitação.


Com a gordura da carne é parecido. Me demoro com a faca em cima dela, pra dar a impressão de que a precisão de meio milímetro de corte é necessária à minha elegância. Porém, existe uma diferença entre o cravinho e a banha. Com o cravinho, eu sou capaz de manter a postura. A banha, sobretudo, depois de separada no cantinho do prato, cai acidentalmente no meio do arroz, 10 minutos depois.

Mas dos mimetismos que eu uso, o mais hilário de todos é o “Enchi”. HAHAHAHAHA esse sim é uma piada...

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